sábado, 29 de novembro de 2008

O Professor Reflexivo visão de Zeichner


Zeichner avisa que

Refletir é preciso

Preparar bem o professor

Pra não ficar indeciso

E os problemas sociais

Não apareçam conciso


Essas práticas reflexivas

Levam o autor a rejeitar

As muitas ordens que de cima

Para baixo eles vêm nos dar

As reformas educativas

Docentes não vão adotar


Produzir conhecimento

Trabalhar com reflexões Iniciar as reformas com

professorees e instituições

Sua própria experiência

Práticas e até reuniões


Aproveitar o professor

Sua riqueza, sua vivência,

Pois um bom profissional

Tem que ter consciência

Aliar saber educacional

Com toda a sua experiência


Aderir a esse movimento

De formação reflexiva

Virão os profissionais

Que a educação cativa

Mas alerta o autor que

Exagero não sobreviva


Nos seus textos refletimos

A formação educacional

Uma das principais questões

Ao grande profissional

Que os saberes são trocados

Na diversidade cultural


Estudar esse grande mestre

Como fonte para um debate

Do campo metodológico

Ao teórico, para embate

Faz cair as dicotomias

Sem ter medo do combate


Falar desse grande mestre

Que desenvolve seu papel

Em plena sala de aula

Contente, sincero, fiel,

Um profissionbal ativo

é professor reflexivo

Rimado nesse cordel.


Texto produzido, em conjunto com o cordelista, para a disciplina de Práticas Pedagógicas da UFPE.

2006.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O sol no São Francisco


Quem não conhece o por-do-sol, no rio São Francisco, precisa conhecer.
Ele nos leva a meditar, avaliar nossas ações.
É tão forte o sentimento de natureza que, para mim, trás uma alegria e tristeza em saber da minha condição de sertaneja.
Tanta água, tão pouca água...
Aqueles que são beneficiados, pela lei dos homens, a ela têm direito, mas aqueles que dependem de reconhecimento do outro, como pessoa humana, filho de Deus, apenas sofrem e rezam para Ele, para que as chuvas não demorem.
Esse quadro pertence a Alexandre Beltrão: médico, professor, amigo e irmão fraterno.

Diagnóstico Situacional do Hospital Arnnon Affonso de Farias Mello




Unidade Mista de Saúde Senador Arnon Affonso de Farias Mello



I - APRESENTAÇÃO


Dada a situação atual da Unidade Mista de Xingó - UMSX, no que se refere ao desempenho e a insatisfação, tanto interna (corpo funcional) como externa, as comunidades a que assiste, haja visto a que se propõe na sua criação "o sistema de saúde eficaz que resgate o conceito de serviço público de saúde perante a comunidade".


O presente trabalho visa num primeiro momento expor a sua rotina, deficiências, condições de trabalho a que se submete seus funcionários no que se refere a espaço físico,segurança, material e equipamentos, bem como complicar dados em um só documento,propor uma nova alternativa com sugestões e redimensionamento, para que sirva de elemento de apoio as futuras avaliações ou aprofundamentos especializados visando resgatar os serviços de qualidade oferecidos em 1991, ano em referência pôr ter sido o auge da obra e logicamente sua maior demanda.


Ata de reunião - 30/08/92.


II - METODOLOGIA



O desenvolvimento do trabalho obedeceu as seguintes etapas:

- Reunião com a administração e chefias dos setores da UMS, para explanação do
trabalho e seus objetivos.
- Consulta aos arquivos CHESF: atas, convênios, que possibilitasse uma comparação da qualidade de atendimento e nível de satisfação da comunidade em 1991 (auge da obra e consequentemente da demanda).
- Entrevistas com a direção e quadro funcional.
- Consulta as escalas e comprovação do cumprimento.
- Dimensionamento atual.
- Oferecimento de uma nova proposta de trabalho e redimensionamento.
- Devido a complexidade da Unidade e sua dimensão optou-se pôr dividi-lo em setores:


Foram todos visitados e seus funcionários entrevistados, observados suas deficiências
em relação a pessoal, material e equipamentos.

Para facilitar nosso trabalho de avaliação dos setores, sempre que possível dividimos a observação em partes: Atribuições - Deficiências, Avaliação - Sugestões.

Servem como guia e material de consulta o Manual de Normas de Funcionamento das Unidades Organizacionais elaboradas pela SSSS/FUSAL comparação a um estabelecimento do mesmo porte.


III - HISTÓRICO


Através do convênio celebrado em 27/09/90 com vigência pôr 5 anos, entre as partes:
Companhia Hidroelétrica do São Francisco - Chesf, Secretaria de Saúde e Serviço Social do Estado de Alagoas - SSSS; Fundação de Saúde de Alagoas FUSAL e Secretaria de Planejamento - SEPLAN, ficou estabelecida as atribuições e responsabilidades necessárias a operação/manutenção da Unidade Mista de Saúde de Xingó - UMSX, e Serviço de Proteção a Saúde - SPS Ambulatório, situados nos situados nos bairros Xingó e Nossa Senhora da Saúde, de acordo com as principais diretrizes e objetivos do Sistema Unificado de Saúde - SUS.


Compromissos Chesf:
- Ceder uso dos prédios, instalações e equipamentos durante o período de construção da UHE - Xingó.
- Promover com a Secretaria/FUSAL a elaboração e aprovação do regimento interno e demais documentos operativos das referidas unidades de saúde, bem como manter representante frente a UMS - Xingó para avaliação e acompanhamento das atividades.
- Ceder o direito de uso temporário de instalações residências para os profissionais de saúde no local de trabalho.
- Transferir definitivamente ao Estado de Alagoas (Secretaria de Saúde e Serviço Social) no último ano de vigência do convênio, os prédios, instalações, equipamentos da UMS e SPS - Ambulatório.
- Transferir através da SEPLAN, os recursos financeiros necessários a suplementação remuneratória do pessoal de saúde paga pela Secretária/FDUSAL.


Compete a Secretaria/FUSAL:
- Elaboração plurianual do programa de saúde apresentado a Chesf programa de execução de atividades com metas de investimentos, operacionalização e financeira, bem como relatório anual de atividades desenvolvidas.

- Definir o quadro de pessoal técnico, administrativo e de apoio necessário ao funcionamento da UMS e SPS - Ambulatório, bem como manter às suas expensas todo pessoal selecionado pôr concurso público.

- Proceder avaliação anual das ações de saúde desenvolvidas, com visitas a sua reorientação e execução de programa de capacitação e reciclagem de pessoa

- Conservar e manter às suas expensas os imóveis e equipamentos, atendendo o custo de utilidade como água, esgoto, energia elétrica e telecomunicações, utilizando a UMS e SPS - Ambulatório exclusivamente para atividades do Sistema Único de Saúde - SUS.

- Gerir as atividades de saúde de acordo com o SUS adquirindo todo material de consumo e medicamentos para reposição dos estoques de acordo com as necessidades.

- O objetivo do convênio foi criar condições que permitisse através da corresponsabilidade.
Governo - CHESF criar uma unidade de saúde funcionasse apresentando níveis de Atendimento aceitáveis, desenvolvendo a auto estima nos funcionários e o conceito de cidadania nos membros da comunidade a que serve.

- A Unidade foi projetado inicialmente para uma área de 1,575,84 m2 com 25 leitos, depois ampliado para 2.679,18 m2 e posteriormente para 2.718m2 com o objetivo de aumentar a capacidade hospitalar (almoxarifado e número leitos para 50), capacitando-o para atender a demanda não só de Xingó e Vila Satélite mas as populações vizinhas, todo o município de Piranhas e Olho d' Água do Casado.

Para poder funcionar a contento inicialmente a Chesf o dotou de todos os equipamentos equipamentos e medicamentos necessários. Ao longo do tempo para atingir a plenitude de sua capacidade e manter o nível de funcionamento a Chesf manteria as suas expensas a UMS até que fosse implantados os órgãos de arrecadação junto as esferas Municipais,Estaduais e Federais.


IV - SETORES

1. Administração.

Atualmente a UMS consta apenas de 01 diretor médico e dois Assessores (01 auxiliar de enfermagem e 01 auxiliar administrativo).

A administração da UMS deveria constar de:
- 01 Diretor Médico
- 01 Administrador
- 01 Coordenador de Saúde - Médico
- 01 Agente Administrativo
- 01 Chefe responsável pôr cada setor

Deficiências:
Falta chefia em alguns setores, sacrificando a direção que se encontra assoberbada, além das suas atribuições tem que resolver os problemas dos outros setores sem chefia.


Chefias de Setores
1991

Diretor
Administrador
Coordenador Médico
Departamento Pessoal
Ambulatório
Limpeza
Lavanderia
AIH'S
Nutrição
Laboratório
Radiologia
SAME
Enfermeiras
Transporte
Vigilância
Almoxarifado e Farmácia
Ambulatório II

Avaliação:
É impossível a administração funcionar sem o organograma completo. A falta de informação Emperra o desenvolvimento dos trabalhos. Os funcionários não se sentem motivados para chefiar pois, o cargo não oferece nenhuma gratificação. Problemas vão se acumulando e até o diretor ter tempo para resolver ou tomar conhecimento gera desconforto aos funcionários que pôr sua vez se sentem desprestigiados, dando uma conotação de falta de interesse e responsabilidade do dirigente.

Sugestões:
- A volta de gratificação de função.
- Reuniões periódicas de avaliação do serviço
- Complementação das vacâncias.

O quadro de pessoal hoje na UMS é superior ao de 1991 e ao que foi estabelecido pelo convênio, vejamos:

Cargos Edital 1991 1994

Assistente Administrativo - - -
Auxiliar Administrativo 46 73 59
Auxiliar de Enfermagem 33 32 52
Auxiliar de Saúde 02 02 02
Auxiliar de Serviços Diversos 58 57 69
Motorista 06 06 09
Nível Universitário 43 39 45
Of Apoio Técnico - - -
Programador - - 01
Técnico Arquivo - - -
Técnico de Estatística - - -
Técnico Laboratório 02 05 02
Técnico Raio X 02 03 03
Totais 192 217 242

Fonte: Caxingó
Arquivo Chesf


2. Setor Pessoal.

O setor pessoal da Unidade têm as seguintes atribuições:
- Cumprir o regimento e normas UMS.
- Organizar distribuição de pessoal
- Organizar e manter atualizado os prontuários e fichários do pessoal em exercício e outras atribuições afins.

Quadro Pessoal:
01 Chefia
06 Administrativos

Deficiências:
- Falta de material de expediente
- Pessoal habilitado
- Mais uma telefonista - para cobrir todo o expediente da Unidade pois a atual só cobre um expediente ( 6 horas).

Avaliação:
O serviço é desenvolvido com critérios e eficiência, pôr outro lado, tanto funcionários como as chefias dos demais setores não informam ao setor pessoal - afastamentos e retornos do pessoal de férias, licença etc., dificultando os registros e providências do setor.

Sugestões:
- Treinamento de pessoal
- Informatização do setor.

3. Corpo Clínico - Características

O corpo clínico da Unidade é composto pôr:
- Médicos
- Enfermeiros
- Psicólogos
- Assistentes Sociais
- Nutricionistas
- Odontólogos
- Fisioterapêuta
- Biomédicos

Trabalham 40 horas semanais, atendem ambulatório, Pronto Socorro, anexo do bairro Nossa Senhora da Saúde ( Postinho).

Deficiências:
- Não existe chefia (Coordenador Médico)
- As escalas são feitas pelos médicos de cada especialidade à convivência de cada profissional em prejuízo da comunidade.
- Salários incompatíveis com o mercado de trabalho
- Falta de medicamentos, equipamentos e manutenção dos existentes
- Concentração excessiva de plantões no Pronto Socorro em fins de semanas e a noite em detrimento do ambulatório.

Avaliação:
Tanto a concentração excessiva de plantão nos fins de semanas e a noite como as escalas feitas a conveniência de cada profissional têm pôr objetivo deixar os dias da semana livre para assumirem compromissos em outros empregos, segundo alegam como complemento de renda, com o agravamento da falta de uma chefia que exerça liderança na definição dos horários, e exija o número mínimo de atendimento compatível com sua especialidade.


4. Serviço de Arquivo Médico e Estatístico - SAME.

Quadro Pessoal:
01 Chefia
12 Funcionários

No SAME 8 funcionários trabalham 6 horas/dia e três funcionários se revezam em plantões de 24 horas para atender o pronto Socorro.

É responsável pela organização, preparo e guarda de todo prontuário do paciente e pela Informação epidemiológico da demanda, acompanhamento e avaliação da UMS. Divide-se em 3 setores: Registro, Arquivo e estatística.

Deficiências:
- Necessita de material, equipamentos
- Limpeza do setor inadequado.
- Falta um profissional habilitado.

Avaliação:
Uma das atribuições do SAME depende das escalas médicas, para agendar consultas e fazer um trabalho de qualidade. Com diminuição da carga horária de 8 para 6 horas o SAME enfrenta algumas dificuldades.
Sabe-se que a escala do SAME não é feita com neutralidade e que alguns funcionários têm outro meio de vida para complementar a renda, falta de escala em tempo hábil dificulta o agendamento das consultas. Com uma escala coerente e cumprida a risca o setor funcionará perfeitamente com um número menor de funcionários.

Sugestões:
- Rendimensionamento de setor
- Mais material de expediente
- Maior contato com a direção
- Substituição da chefia por um profissional habilitado.

5. Enfermagem.

A enfermagem da UMS é responsável pelos serviços do Ambulatório I, Pronto Socorro e Setor de Internação.

Quadro Pessoal:
01 Chefia
09 Enfermeiras
44 Auxiliares de enfermagem

Regime de trabalho: 5 enfermeiros em regime de plantão, 5 diaristas, 40 auxiliares em Regime de plantão de 12 horas e 4 diaristas.

Deficiências:
- Não há supervisionamento nos setores pela chefia de enfermagem
- Falta material de consumo e de expediente
- Não há uma rotina de atividades.
- Falta treinamento e reciclagem dos auxiliares de enfermagem
- Falta entrosamento entre chefia e os funcionários do setor.

Avaliação:
O setor trabalha desordenadamente. Falta reuniões entre enfermeiras e auxiliares a fim de nivelarem as informações e elaboração de relatório.
Maior empenho na liderança em cobrar as execuções da rotinas.
Visitas aos setores com o objetivo de supervisionar as atividades das enfermeiras chefes de setores.

Sugestões:
- Reuniões entre enfermeiras e auxiliares com objetivo de avaliar as atividades.
- Relatório de ocorrências quantificando as ações.
- Reposição de material.
- Elaboração e prática de uma rotina coerente com a Unidade.

6. Ambulatórios.

A UMS possui dois ambulatórios: um na própria Unidade e outro no bairro Nossa Senhora Da Saúde (Postinho).

Função do ambulatório I:
- Oferecer a comunidade serviços médicos e odontológicos e de enfermagem.

Dependências:
- Sala de Serviço Social
- Consultório de Clínica Médica
- Consultório de Pediatria
- Consultório de Ginecoobstetricia
- Consultório Odontológico
- Consultório de Especialidade
- Sala de Pré-Consulta de Enfermagem
- Sala de Curativos, Nebulização e Aplicação de Injeções.

Os médicos devem obedecer o seguinte número mínimo de consultas:
- Clínica médica 16 consultas pôr turno.
- Clínica pediatra 16 consultas pôr turno.
- Clínica ginecologia 12 consultas pôr turno.
- Clínica ortopedia 12 consultas pôr turno.
- Clínica cirúrgica 12 consultas pôr turno.
- Clínica nutrição 16 consultas pôr turno.

Quadro Pessoal:

Enfermagem:
- Enfermeira chefe trabalhando 8 horas pôr dia.
- 3 auxiliares de enfermagem 6 horas pôr turno.
- 2 auxiliares de saúde 6 horas pôr turno.

Serviços de Enfermagem:
- Pré consulta de enfermagem.
- Planejamento familiar.
- Consulta de enfermagem a gestantes, diabéticos e hipertensos.
- Entrega de medicamentos através de receitas médicas.
- Aplicações de injeções, curativos e nebulização.

Unidade de Saúde Senador Arnon Affonso de Farias Mello

Serviço Social:
- 2 assistentes sociais trabalham 8 horas pôr dia.

Psicologia:
- 1 psicóloga trabalhando 8 horas pôr dia.

Fisioterapêutas:
- A fisioterapia funciona no centro comunitário além do fisioterapêuta, trabalham 2 auxiliares.
- A rotina é cumprida normalmente e atendendo a toda micro-região.

Deficiências:
- Atendimento médico ambulatorial precário.
- Falta de medicamentos e equipamentos.
- Falta de auxiliares de enfermagem.
- Pôr falta de uma coordenação eficaz no setor de enfermagem, algumas atividades deixam de ser realizadas.

Avaliação:
- Ordinariamente os médicos deixam de atender pacientes no ambulatório dando expediente no Pronto Socorro geralmente a noite, nos fins de semana e feriados. Achamos que o ambulatório chegou a esta situação pôr falta de medicamentos, equipamentos sem manutenção, escala médica confeccionada à conveniência dos próprios médicos que procuram conciliar horários de trabalho com atividades particulares levando a população a não mais procurar o ambulatório.

Sugestões:
- Troca de chefia.
- Aquisição de mais um auxiliar de enfermagem.
- Abastecimento da farmácia, conservando um estoque regular.
- Reposição de equipamentos e manutenção dos existentes.

Ambulatório II (Postinho):
Para maior assistência a população do bairro Nossa Senhora da Saúde e servindo como posto avançado da UMSX junto a população mais carente, criou-se o Ambulatório II (Postinho).
Prédio composto de gabinetes médico, odontológico, serviço social, enfermaria, etc.

No quadro de pessoal do Ambulatório II conta com:
1 Assistente social
1 Psicóloga chefiando o Ambulatório
1 Enfermeira, trabalhando 8 horas pôr dia.

Deficiências:
- Falta de medicamentos e manutenção dos equipamentos.
- Falta presença diária do médico.

Avaliação:
A exemplo do Ambulatório I, o Postinho sofre dos mesmos problemas com o agravamento de ser mais esquecido pôr se encontrar distante. Oferece um bom serviço de prevenção; C. A .,
T. B., Vacinação e D. S. T.

Sugestões:
Clínicas básicas permanentes no turno diurno, medicamentos e equipamentos.

7. Nutrição/Dietética.

Quadro Pessoal
- 1 nutricionista trabalhando 8 horas pôr dia.
- 12 funcionários com carga horária em forma de plantão de 12 horas havendo 17 plantões pôr mês para cada funcionário.

Deficiências:
- Condições de trabalho precárias.
- Ambiente sem ventilação.
- Falta de equipamentos e manutenção dos existentes.

Avaliação:
Condições de trabalho precárias principalmente para a nutricionista, manutenção de equipamentos falha, local sem ventilação, e pessoal não especializado e as refeições dos plantonistas são fornecidas pela Chesf (60 refeições diárias), as dos pacientes são feitas no próprio setor.

Sugestões:
- Reciclagem de pessoal
- Manutenção dos equipamentos.

8. Centro Cirúrgico/Esterilização.

Área restrita e diferenciada destinada exclusivamente para este fim.
Nesta sala se faz cirurgias de médio porte, conta-se com dois profissionais responsável de competência reconhecida.

Deficiência:
- Falta material.
- Falta anestesista com presença permanente.

Avaliação:
O anestesista não permanece na UMS e as cirurgias são agendados de acordo com a conveniência do anestesista, o que é um contra-senso já que as cirurgias de urgência não aceitam protelações.
O centro cirúrgico da UMS parece ser um dos setores mais organizados, não fosse a falta do anestesista e material teríamos um bom serviço.
Em 1991 contava a UMS com um anestesista com exclusividade.
A limpeza obedece as normas ideais para o ambiente.

Sugestões:
- Reposição de material.
- Contratação de um anestesista com exclusividade para Xingó.
- Aquisição e equipamentos e manutenção dos existentes.
- Treinamento do pessoal de enfermagem.
- Pequena sala de pós-operatória.

Central de Material e Esterilização:

Deficiências:
- Mal estruturação física do setor.
- Falta de ventilação adequada.
- Treinamento de pessoal.
- Altoclave obsoleta.
- Falta de instrumental cirúrgico.

Avaliação:
Apesar de falta de rotinas e rotinas e normas funciona dentro dos padrões razoáveis.

Sugestões:
- Troca da Autoclave urgente.

9. Controle de Infecção Hospitalar.

A comissão de controle de infecção hospitalar não segue nenhuma norma. Sabe-se que a UMS no seu quadro de pessoal conta com profissionais habilitados para implementação atendendo desta forma a portaria 930/92.

Existe na UMS uma comissão que se dispõe a verificar e orientar os setores sobre critérios A serem cumpridos a fim de que se evite contaminações.

Deficiências:
- Falta normas específicas par ao setor.
- Implantação de programa de Infecção.
- Equipamentos.
- Notificação de casos de infecção hospitalar.

Avaliação:
É muito sério a falta de normas sobre precauções de infecções. A direção se mostra sensível ao problema mas não cobra o cumprimento da mesma.
Na UMS encontramos crianças com infecção intestinal sendo atendida na sala de pequenas cirurgias do Pronto Socorro. É preciso implantar com urgência as medidas de controle afim de evitar infeções cruzadas.


10. Pronto Socorro

É o setor responsável pelo atendimento imediato de casos de alto risco, perigo de morte ou incapacidade.

Serviços Prestados (disponíveis)
- Clínica Geral
- Pediatria
- Ortopedia
- Ginecologia/Obstétrica
- Cirurgia
- Odontologia
- Enfermagem
- Psicologia
- Assistência Social

Em 1991 o Pronto Socorro contava com um clínico geral de plantão, um enfermeiro 24 horas e as outras especialidades em sobreaviso. Hoje se encontra de plantão todas as especialidades que dispõe a UMS.

Deficiências:
- Falta de plantões de assistentes sociais, psicólogos.
- Falta de material.
- Falta sala para Raio X.
- Equipamentos e manutenção dos mesmos.
- U. T. I.
- Treinamento de pessoal.

Avaliação:
O Pronto Socorro atualmente oferece todos os serviços na sua maioria ambulatorial, sub-utilizando assim o ambulatório, prioridade da UMS e o objetivo maior do convênio, atender o bairro Xingó e pessoas ligadas ao Empreendimento.
Hoje o Pronto Socorro concentra a maior parte da demanda, principalmente oriunda de Paulo Afonso, Delmiro Gouveia, Piaui, Poço Redondo, Olho d' Água do Casado, etc.
No confronto de atendimento dos setores Ambulatoriais x Pronto Socorro, verifica-se um agradativa concentração de atendimento no P. S. o que no auge da obra se justificou face o grande número de acidentes. Entretanto o que surpreende é a concentração excessiva de atendimentos, no Pronto Socorro (85%) para (15%) do Ambulatório em 1994 - fim de obra quando as probabilidades de acidentes são menores.


11. Odontologia.

A UMS oferece um serviço de odontologia razoável pois falta medidas preventivas.

Quadro Pessoal:
01 Chefe
04 Odontólogos
04 Atendentes

O regime de trabalho é de 8 horas para o pessoal especializado e de 6 para as atendentes.

Deficiências:
- Excesso pessoal especializado.
- Carência de atendente.
- Falta de equipamentos.
- Falta de material de consumo.

Avaliação:
Profissionais em excesso. Existe apenas 01 gabinete dentário no ambulatório I e outro no Postinho. A Unidade Escolar de Xingó - UNEX, conta com um odontólogo exclusivo em regime de 8 horas.
Dois Odontólogos trabalham apenas 30 horas semanais. Acordo feito com a direção e os outros dois trabalham 6 horas e cumprem suas cargas horárias na UNEX, saturando assim o serviço de odontologia. O setor da odontologia é o único que funciona plenamente no ambulatório.

Sugestões:
- Remanejamento de 1 odontólogo ou direcionamento do mesmo para serviços de prevenção atendendo a demanda de Piranhas (Zona Rural).
- Compatibilidade da carga horária das atendentes com a dos odontólogos.


12. Autorização de Internação Hospitalar (AIH)

As AIH'S são responsáveis pela manutenção da UMS e parte delas é rateada entre os funcionários.

Quadro Pessoal:
Chefia vaga
06 Funcionários

Trabalham 6 horas diárias.

Deficiências:
- Sabe-se que o número de funcionários é excessivo e que o setor com 4 funcionários bem treinados funcionaria bem.
- Falta de critério distribuições AIH'S.

Avaliação:
É muito louvável a atitude dos médicos em dividir os AIH'S entre todos os colegas da Unidade. Cabe aos médicos 60% e os outros 40% as demais categorias.
Apesar de todos receberem existe um critério para os profissionais de nível médio e elementar, aquele que tiver 2 faltas durante o mês perde o direito a AIH'S ao contrário dos médicos e demais funcionários de nível superior que podem faltar sem nenhum prejuízo, gerando uma insatisfação geral entre todos.


13. Laboratório/Banco de Sangue.

Quadro Pessoal:
01 Chefia
17 Funcionários

O laboratório é responsável pelas análises para orientação do diagnóstico.
- Recebe coleta de amostra.
- Executa exames.
- Controle de qualidade.

Deficiências:
- Excesso de funcionários não especializado.
- Falta material de expediente e reagentes.
- Manutenção de equipamentos.
- Falta doadores de sangue.
- Falta de um técnico bacteriologista (nível médio)

Avaliação:
Nota-se no ambulatório o número excessivo de funcionários não especializados, conta com 2 biomédicos e 1 técnico a mais. O horário de chegada dos funcionários não é obedecendo prejudicando os diabéticos e hipertensos que ficam em jejum até 7:40 sem alimentação esperando serem atendidos.
Há no laboratório uma falta de entrosamento entre alguns funcionários e chefia causando um grande mal estar no setor dificultando o serviço.

Sugestões:
- Remanejamento de funcionários.
- Encaminhamento do funcionário problema ao psicólogo.
- A reposição de material, manutenção de equipamento.
- Campanhas de concientização da população para importância de doação de sangue.
- Estrutura para atendimento ao doador.


14. Radiologia.

Quadro Pessoal:
Chefia vaga
06 Funcionários

O setor de radiologia é responsável pela realização e processamento radiológico para orientação de diagnóstico.

Deficiências:
- Excesso de funcionários.
- Falta de profissional qualificado para chefiar o setor.
- Falta material de qualidade, equipamentos e manutenção para os existentes.

Avaliação:
O setor trabalha 4 horas pôr dia e fica o restante de sobreaviso. A falta do profissional para a chefia, gera dúvidas a respeito de horas extras realmente necessárias as escalas.

Sugestões:
- Pessoal habilitado para o setor.
- Material.
- Equipamentos.
- Remanejamento de pessoal para outros setores carentes.

15. Serviço de Limpeza.

Quadro Pessoal:
01 Chefia
19 Funcionários

Os funcionários trabalham em regime de plantão de 12 horas.

Deficiências:
- Não existe normas próprias de limpeza e esterilização.
- Falta material.
- Falta equipamentos e manutenção dos existentes.
- Funcionários relapsos.
- Não existe controle de material.
- Não existe supervisão de limpeza.
- Falta EPI's

Avaliação:
A UMS apresenta precárias condições de limpeza.
A falta de supervisionamento no setor faz com que o trabalho seja deficiente e é comum
encontrar restos de cigarros, papéis, roupas sujas no chão.
Os funcionários relapsos se sentem a vontade pois, além de não sofrerem punições se
queixam dos baixos salários, como justificativa para tal procedimento.

Sugestões:
- Troca de chefia.
- Treinamento de pessoal.
- Material adequado.
- Equipamentos.
- Fiscalização.


16. Alomoxarifado/Farmácia.

Quadro Pessoal:
01 Chefia
07 Funcionários plantonistas de 12 horas.

A farmácia é responsável pela estocagem e manutenção de medicamentos. Garante o suprimento de todo o material adequado ao funcionamento da UMS.

Deficiências:
- Excesso de funcionários.
- Falta de medicamentos.
- Necessidade de redimensionamento.

Avaliação:
Percebemos que o setor tem um funcionário a mais, que pode ser transferido para outro setor. Reciclagem do pessoal como forma de valorizar o próprio trabalho.

Sugestões:
- Rodízio entre os dois setores.
- Encaminhamento de funcionários problemas para o setor de psicologia.
- Abastecimento da farmácia.


17. Lavanderia.

Quadro Pessoal:
01 Chefia
12 Funcionários

Os funcionários trabalham em regime de plantão de 12 horas diurnos e noturnos.

A lavanderia providência a roupa limpa para a UMS.

Deficiências:
- Falta esterilização de roupas.
- Caldeira.
- Material de consumo.
- Sala com roupas.
- Manutenção de equipamentos.
- Sala para roupas contaminadas e banheiro.
- Não existe normas de lavanderia.
- Não há controle de roupas.
- Não existe treinamento específicos.

Avaliação:
A chefia se mostra estranha ao serviço a calandra esta quebrada as máquinas centrífugas continuam sem manutenção. A falta de uma lavanderia coletiva faz com que toda roupa particular dos pacientes e acompanhantes sejam lavadas dentro do apartamento, na pia ou banheiro e estendidos nas janelas.
Com os equipamentos quebrados como a calandra e aspiradores o trabalho se torna mais
difícil pois tudo têm que ser feito manualmente.

Sugestões:
- Troca de chefia.
- Manutenção dos equipamentos.
- Controle das roupas distribuídas e recolhidas
- Obedecer elaboração de rotinas.
- Esterilização das roupas.

Sem estas providências os trabalhos estão sendo quase manuais e de baixa qualidade contribuindo para propagação da infecção hospitalar e a saúde do trabalhador.



18. Vigilância/Transporte.


Quadro Pessoal:
01 Chefia
10 Vigias
08 Motoristas

O setor apresenta uma precariedade muito grande apesar do número de funcionários.

Deficiências:
- Excesso de motoristas.
- Ineficiência no setor de vigilância.
- Guarita sem funcionar.

Avaliação:
No auge da demanda a UMS contava com 5 motoristas que atendiam plenamente o setor.
Quanto a vigilância, se acha ineficiente devido a falta de preparo dos profissionais e de uma liderança firme e exigente que lhes cobrem o cumprimento da rotina.


Sugestões:
- Redimensionamento do setor.
- Criação de rotinas e normas.
- Reuniões entre chefia e funcionários.
- Treinamento.


V - COMENTÁRIOS


Observados os setores, registrados sua deficiências, feitas algumas avaliações e dada algumas sugestões, nos sentimos a vontade para fazermos alguns comentários.
Devemos no entanto levar em consideração a conjuntura política pelo qual passa o Estado de Alagoas principalmente no que se refere a saúde.

Profissionais mal remunerados, falta de material, equipamentos, falta de manutenção, isto concorre para um ambiente de insatisfação e descaso com a coisa pública.

Pôr outro lado a baixa demanda devido principalmente a ausência do médico, faz com que caia o número de internação e logicamente as AIH's. Haja visto o desenvolvimento da obra no quadriênio 1991/1994 ( do auge à conclusão) mais a conjuntura negativa porque passa a Unidade.

Dentro da Unidade mais precisamente em um corredor que liga o ambulatório ao almoxarifado encontra-se uma lanchonete funcionando, de propriedade particular, quando é proibido pôr lei a exploração comercial em instituições públicas.

Encontramos na Unidade seis respiradores torácicos, nunca usados, equipamentos Chesf Ociosos, que poderiam ser permutados pôr outros necessários.

A UMS se encontra carente de equipamentos, medicamentos e material em geral.

A Nutrição trabalha mais para os funcionários, oferece 60 refeições diárias pagas pela Chesf que é muito, considerando uma Unidade com 36 leitos. Falta uma sala para a nutricionista, onde possa exercer suas funções com privacidade e tranqüilidade. Hoje a nutricionista trabalha dentro da cozinha.

Ambulatório - sabe-se que o ambulatório têm como prioridade atender a demanda de funcionários e dependentes Chesf bem como todos ligados ao Empreendimento moradores do bairro Xingó.

Hoje o ambulatório se encontra semí-ocioso e quando funciona oferece somente uma Especialidade. Apenas o setor de odontologia funciona razoavelmente.

O serviço Social e de psicologia poderiam desenvolver programas juntos aos pacientes e familiares, de acompanhamentos e esclarecimentos no que se refere a D. S. T., T. B., C. A ., Hanseníase com o objetivo de e amenizar seus sofrimentos.

O setor de psicologia não funciona, apesar de existir os profissionais.

O Pronto Socorro se encontra em pleno funcionamento, não há carência de médicos, as Escalas são feitas de forma que os plantões se aglomerem a tal ponto que muitos médicos trabalhando apenas fins de semanais fecham suas cargas horárias. O Pronto Socorro que têm como objetivos oferecer um serviço de emergência, hoje oferece todo tipo de atendimento em detrimento do ambulatório, inclusive no horário noturno, onde encontramos clínico geral, pediatras, ginecologistas, etc. de plantão.

As chefias dos setores deveriam a exemplo da direção perceberem sobre o salário uma gratificação proporcional a importância de cada setor.

As cláusulas referentes as obrigações da FUSAL, no que se refere mais precisamente a planejamentos e relatórios não estão sendo cumpridas.

A falta de um gerente de saúde competente e comprometido com o trabalho de Proteção de Saúde (SPS) fizeram com que o funcionamento da UMS fosse paralisado (o mesmo funcionou com critério por dois anos), expondo assim a população a endemias, epidemias a acidentes de trabalho, compromissos assumidos no convênio, clásulas de competências da FUSAL.

Nos compromissos CHESF, fica registrado a garantia de um representante junto ao UMS para a avaliação das atividades desenvolvida. Este compromisso foi cumprido rigorosamente até 1992. Hoje a UMS não têm a quem prestar conta.

Finalmente com uma administração competente e rotinas preestabelecidas, reuniões periódicas para avaliação de desempenho, criação de mecanismo de controle e acompanhamento, critérios justos para todos e fiscalização do fiel cumprimento das normas, acreditamos que a Unidade retomaria seu caminho oferecendo um trabalho de qualidade.

Pedimos desculpas pelo singelo trabalho, suas falhas, as superficiais colocações e devido as Nossas limitações. O que nos moveu foi tão somente, procurar retratar a realidade atual da UMS na esperança que medidas sejam tomadas a fim de que a Unidade volte a servir melhor a comunidade.

Anexamos 2 quadros de pessoal da UMSX.
Um dimensionamento Chesf feito para um regime de 8 horas, outro da direção da própria unidade.

Quadro de Pessoal Para Operação e Manutenção das Unidades de Saúde de Xingó Pessoal de Apoio e Nível Médico

Cargos
Edital Atual Reunião de (1) (2) 16.06.93
Auxiliar de Serviços Diversos
Auxiliar Administrativo
Auxiliar de Saúde
Datilógrafo
Auxiliar de laboratório
Técnico de Estatística
Oficial de Apoio Técnico
Auxiliar de Enfermagem
Técnico de Raio X
Técnico de laboratório
Motorista
Assistente Administrativo
Técnico Arquivo
Programador

Total Geral Para as Unidades de Saúde
Pessoal de Nível Universitário 43 49 39
Pessoal de Apoio e Nível Técnico 149 206 153
Total Geral 192 255 192

Observações:

1. Quadro de Pessoal constante dos editais publicados em 15.12.88
2. Quadro de Pessoal existente nas Unidades de Saúde em 16.06.93
3. Quadro de Pessoal definido na reunião de 16.06.93 na SEPLAN, com a presença de representantes do Governo do Estado de Alagoas, da CHESF e das Unidades de Saúde de Xingó.

Quadro de Pessoal Para Operação e Manutenção
Das Unidades de Saúde de Xingó
Pessoal de Apoio e Nível Médio
Com a Proposta CHESF Considerando Regime de 8 Horas

Cargos Atual Comissão Proposta da do Estado CHESF
Auxiliar de Serviços Diversos 76 78 35
Auxiliar Administrativo
Auxiliar de Saúde 56 44 22
Datilógrafo
Auxiliar de Laboratório 2 7 2
Técnico de Estatística 1 1 1
Oficial de Apoio Técnico 1 1 1
Auxiliar de Enfermagem 54 63 49
Técnico de Raio X 3 3 3
Técnico de laboratório 5 6 5
Motorista 7 9 0

Total Geral Para as Unidades de Saúde
Pessoal de Nível Universitário 43 46 35
Pessoal de Apoio e Nível Técnico 216 212 118
Total Geral 240 258 153

* Motorista fica de fora.
Elaborado por: Reginaldo Goiana Novais/Chefia e Geraldo Von Sohten/Médico


HOSPITAL JOAQUIM GOMES/UMS

I - Joaquim Gomes 2 - UMSX
Características: Características
- É municipalizado - É estadual.
- Tem 55 leitos - Têm 36 leitos.
- Demanda 4.900 atendimentos pôr mês - Demanda 3.039 (1994).
- Carga horária: 0,612 e 24 horas. - Carga horária: 06,12 e 24 horas.
- Número de médicos: - Número de médicos:
* 1 cirurgião * 2 cirurgiões
* 1 anestesista * 1 anestesista
* 1 cardiologista * 0 cardiologista
* 3 ginecologistas * 2 ginecologistas
* 10 clínicos * 5 clínicos
* O ortopedista * 2 ortopedistas
* O pediatra * 2 pediatras

Conta ainda com:
* 2 odontologos * 5 odontologos
* 4 enfermeiras * 10 enferemeiras
* 1 assistente social * 3 assistentes sociais
* 1 psicóloga * 2 psicólogas
* 1 nutricionista * 1 nutricionista
* 1 administrador * 0 administrador
* 1 chefe geral médico * 1 chefe geral médico

1. Não tem Pronto Socorro e conta com mais113 funcionários, entre eles 2 motoristas.
2. Tem Pronto Socorro e conta com mais 197 funcionários, entre eles 9 motoristas.

1. Não tem necessidade de horas extras.
2. Tem uma média de 8.000 horas extras mês.

1. O salário do médico é de 6 salários mínimos. Não há exclusividade ao hospital
2. O salário do médico varia entre 25.77 e 40.20 mínimos. Não dá exclusividade ao hospital.

1. Cada setor têm sua chefia.
2. Nem todo setor têm sua chefia.

1. Faz uma reunião mensal com as chefias.
2. Não há reunião mensal com as chefias.


Bibliografia:

- Arquivo CHESF
- Arquivo Caxingó
Especificar - Convênio Mãe.
o documento - Convênio Saúde.
utilizado/analisado. - Ata de Reunião
- Manual de Normas de Funcionamento das Unidades Organizacionais
- Escalas.
- Regimento e Estatuto.






















Fernando de Noronha - PE






"De mãos dadas com a Escola do Arquipélago"


Marise Helena Araújo
Eulália Alves Carneiro







APRESENTAÇÃO


Tem este projeto o propósito de oferecer alternativas para administrar a Escola do Arquipélago de Fernando de Noronha, considerando suas particularidades e dificuldades por se encontrar numa região insular, o que justifica uma política diferenciada e exclusiva para administração dos seus problemas crônicos de ordem administrativa e pedagógica.
Conta escola com apenas 03 (três) profissionais do quadro da secretaria de educação, sendo que um em período probatório, e os outros dois, por motivos particulares se encontram impossibilitados de administrarem a unidade.
Em verdade estamos oferecendo não apenas a solução para os problemas imediatos e sem solução, mas para o cumprimento da diretriz maior do nosso Governo que é Educação de Qualidade para todos, formação do cidadão solidário, conhecedor de seus direitos, cumpridor de seus deveres; seja ele morador do bairro da Boa Vista ou da ilha de Fernando de Noronha.

Por termos dirigido a Escola do Arquipélago de Fernando de Noronha e residido um ano na ilha, conhecendo a fundo os problemas "crônicos" na área da educação devido principalmente a falta de professores habilitados e dificuldade de moradia para preencher as vagas existentes, pelos profissionais do quadro da secretaria de educação, esta que fica impossibilitada de exercer sua política educacional na sua plenitude; por nos sentirmos sensibilizadas com a situação e responsáveis pelo desenvolvimento dos trabalhos pedagógicos e administrativos (pois fomos obrigadas a voltar para o continente por motivos pessoais), nos sentimos na obrigação de apresentarmos o presente projeto.


BREVE RELATÓRIO DOS PRINCIPAIS EVENTOS DE 1997/98



Teve a escola do Arquipélago os seguintes eventos:



ABRL/97

- Criação do Conselho Escolar com a presença de todos os representantes da comunidade; Foram
realizadas 3 (três) reuniões, sendo que a primeira foi informativa e instrutiva, a segunda foi de caráter eletivo onde foram eleitos os representantes das entidades e, na terceira foram eleitos os membros do Conselho Escolar:
- Realização de reuniões de pais e mestres com todas as turmas por série.
- Oficina de ensino da matemática com a professora Divani do curso de magistério para os
professores do pré a 4º série.
- Reuniões para análise de projetos de outras comunidades.

MAIO/97

- Realização do dia da "Higiene corporal", ressaltando a importância da limpeza dos cabelos evitando o piolho e outros problemas comuns.
- Realização da Primeira Feira de Ciências promovida pelos alunos do curso de magistério.
- Realização de capacitação na área de ciências com professores do pré a 4º pelo Professor Niltom.
- Visita da psicóloga da secretaria de educação.
- Criação do Grêmio Escolar.
- Festa em homenagem às mães.

JUNHO/97

- Semana de festejos juninos.

JULHO/97

- Lançamento do programa de contenção de energia em Fernando de Noronha, com a presença do Senhor Governador Dr. Miguel Arraes e a primeira dama além de várias outras autoridades e de toda comunidade noronhence.
- Férias ecológicas com oficinas de: educação física e educação artística.

AGOSTO/97

- Festa da Padroeira
- 1º Oficina do PNMT (Programa Nacional de Municipalização do Turismo)

SETEMBRO/97

- Semana da Pátria: Culminância com um grandioso desfile no dia 7 de setembro
- I Feira de Conhecimentos da Escola do Arquipélago de Fernando de Noronha.


OUTUBRO/97

- Semana do meio ambiente
- Caminhada ecológica com o " Bicho do meio ambiente"
- Semana da criança. Realização de:
a) Palestras: OS DIREITOS DAS CRIANÇAS
HIGIENE E SAÚDE NA INFÂNCIA
HIGIENE BUCAL.
b) Oficinas de artes.
c) Exposições de fotos das crianças e trabalhos artísticos
d) Visita das famílias
e) Entrevistas com crianças
f) Visita do pediatra, de uma assistente social e uma dentista.
g) Passeio ciclístico
h) Concursos de fantasia e pinturas
i) Grandiosa festa do Bosque dos flamboyant
- Capacitação de monitores de educação física

NOVEMBRO/97

- Vernissage e exposição de trabalhos artísticos dos alunos.
- Apresentação da peça do grupo de teatro de fantoches.

DEZEMBRO/97

- Elaboração do projeto Político Pedagógico da escola para 1998.
- Realização do Curso de Teatro e oficinas.
- Formatura dos alunos de educação de adultos.
- Formatura dos alunos do ABC.
- Festa Natalina.
- Apresentação da peça teatral "O Baile do Menino Deus", montada pelos
alunos do curso de teatro e pessoas da comunidade juntamente com os
professores.

JANEIRO/98

- Férias Ecológicas
- Escola de Surf
- Abertura do Curso de enfermagem pela secretaria de saúde.

FÓRUNS DE DEBATES

- Artistas Portugueses: Apresentando coletânea de trabalhos
- Entrega de título de cidadão noronhence aos armadores (Cruzeiros marítimos).
- Comissão de deputados pernambucanos, discutindo a situação do arquipélago,
quando da ampliação, pela correta dos translados.
- Palestra com o Major da Aeronáutica na Semana da Pátria.
- Palestra com uma antropóloga da Fundação Joaquim Nabuco sobre a Ilha de
Fernando de Noronha nos seus aspectos cultural, antropológico, social e
econômico.
- Seminário: Projeto de saúde para Fernando de Noronha.
- Seminários: Projeto Pedagógico da Escola.
- Seminário: PNMT
- Treinamento de primeiros socorros - Aeronáutica.
- Curso de salva-vidas - Corpo de Bombeiros.
- Participação de representantes da escola: Verão no Campus e CONED.

ALGUMAS DIFICULDADES QUE A ESCOLA ENFRENTA

- Falta de pessoal qualificado
- Falta de materiais de apoio pedagógico e administrativo
- Atrasos nas correspond6encias diversas
- Falta de equipamentos
- Demora na entrega da merenda escolar e não são trazidos gêneros fundamentais, tais como: verduras, condimentos, necessários à complementação.
- Demora na regulamentação de documentos dos alunos.
- Falta de manutenção dos recursos financeiros da escola
- Falta de qualificação do docente
- Falta de material pedagógico e de expediente
- Falta de intercâmbio com a secretaria de educação, DERES e outras escolas.
- Falta de capacitações específicas nas diversas áreas do conhecimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerar a Escola do Arquipélago como uma escola comum torna frágil qualquer tipo de análise que se pretenda fazer, com relação a seus problemas e, dificulta o tratamento destes mesmos. É impossível negar a situação peculiar da escola, por ser única numa ilha, que se encontra no meio de um oceano, onde para se chegar não é nada simples; Passageiros, só de avião, mantimentos, correspondências e livros didáticos, de navio: Entre outras coisas, que assim caracterizam toda uma situação insular.
Administrar, portanto, esta escola não é coisa simples, principalmente se não puder criar uma ponte direta com as informações e as novas tecnologias que surgem diariamente no continente e, mais especificamente, na Secretaria de Educação. A necessidade de tal ação se manifesta a cada atividade realizada na escola com esforço de toda uma população dentro e fora do âmbito escolar e dentro e fora da ilha.
A nossa administração na Escola do Arquipélago se caracterizou, desde a nossa chegada a ilha, pôr uma proposta de parceria e integração com a comunidade noronhence e a administração distrital; Uma proposta pautada em visões pessoais de administração escolar, respaldada ainda pela política da Secretaria de educação com a qual coadunam-se nossas concepções. Tais concepções puderam ser consolidadas quando da criação do Conselho Escolar e na continua integração com a comunidade, a administração distrital e as diversas entidades existentes na ilha como as igrejas, o IBAMA, a aeronáutica, além de empresas privadas; com os quais sempre foi possível contar e que tiveram também seu espaço garantido.
Diante das dificuldades que enfrentamos vimos nosso trabalho ter êxito, diante das diversas atividades que foram realizadas, culminando no final do ano com a elaboração do nosso Projeto para 98, realizado com a participação de diversas representações da comunidade e o Conselho Escolar. Vimos gratamente o retorno do nosso trabalho, no reconhecimento da comunidade, quando da finalização parcial das matrículas, no final do mês de janeiro, onde foi constatado um acréscimo de 20% no número de alunos da escola; demonstrando, tal índice, que a população está retornando à escola, acreditando no trabalho que nela vem sendo realizado. Estes aspectos vem comprovar nossas concepções de que a maior motivação e garantia de êxito na educação só depende da realização de um trabalho criativo, solidário, com respeito e transparência de ações, comprometido com a participação e com a formação (através do exemplo) do cidadão crítico e solidário conhecedor de seus direitos e deveres, agente criador, formador e transformador de mundos.
A escola de Fernando de Noronha tem muito a evoluir e tem um potencial humano excelente, que só precisa ser motivado a crescer, tendo convivido com o povo da ilha, conhecendo seus problemas frustrações e expectativas, nos sentimos no dever ético de nos solidarizamos e contribuir um pouco mais para garantir uma educação de qualidade pois cremos nisto como elemento primeiro de certeza de um futuro melhor para toda sociedade brasileira.
Anos, 1997/1998















sábado, 15 de novembro de 2008

Carta do cacique Seattle (esse texto me emociona)



"O QUE OCORRER COM A TERRA, RECAIRÁ SOBRE OS FILHOS DA TERRA...."

Carta do Cacique Seattle ao presidente dos EUA, em 1853

"Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?
Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs: o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem - todos pertencem à mesma família.
Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós.
Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar às suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.
Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimenta nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos, e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.
Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite?
Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o arque respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Poio que ocorre com os animais breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.
Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.
O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo. Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos - e o homem branco poderá vir a descobrir um dia; nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e feri-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente. Iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnados do cheiro de muitos homens e a visão dos morros obstruída por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência."
Traduzido por Irina O . Bunning e divulgado pelo Projeto Vida

Boemia (Óleo sobre tela)


Essa tela, está em Salvador -BA, e foi vendida ainda no esboço.
Não sei porque a fiz.
Mas me deu muita vontade de colocar uma garrafa de cerveja do lado e uns carangueijos cozidos. Pode!

Sentimentos - Tela em óleo


Sempre penso que o entardecer é uma hora para, ao observarmos à natureza, meditarmos sobre os nossos atos.
Pesarmos as nossas ações, tentar reverter, algumas, que por um motivo ou outro foi, ou será, capaz de causar transtornos negativos.
Essa certeza foi aguçada, com a minha transferência para Fernando de Noronha, onde a natureza grita tão alto, que fica difícil não ouvi-la e não admirá-la.
Hoje sei que foi muito importante, para mim especialmente, minha passagem por Noronha. Foi um ano e alguns meses que, em comparação as minhas experiências passadas, aguçaram os meus sentidos e descobrir, na arte, uma forma de registrar meus sentimentos.
A arte é o que há de melhor para o ser humano, ao meu ver, e quando ela é feita com a intenção de registar o amor de Deus por esse mundo, então é a glória. E acredito que os grandes artistas conseguiram isso. Eu apenas tento colocar nas minhas telas, o meu amor.

A chegada de Lampeão no Inferno (Meu cordel Preferido)

A Chegada de Lampião no Inferno
Um cabra de Lampião, Por nome Pilão-Deitado, Que morreu numa trincheira Um certo tempo passado, Agora pelo sertão Anda correndo visão, Fazendo mal assombrado. E foi quem trouxe a notícia Que viu Lampião chegar. O Inferno, nesse dia, Faltou pouco pra virar - Incendiou-se o mercado, Morreu tanto cão queimado, Que faz pena até contar! Morreu a mãe de Canguinha, O pai de Forrobodó, Cem netos de Parafuso, Um cão chamado Cotó. Escapuliu Boca-Insossa E uma moleca moça Quase queimava o totó. Morreram cem negros velhos Que não trabalhavam mais, Um cão chamado Traz-Cá, Vira-Volta e Capataz, Tromba-Suja e Bigodeira, Um cão chamado Goteira, Cunhado de Satanás. Vimos tratar na chegada, Quando Lampião bateu. Um moleque ainda moço No portão apareceu: - Quem é você, cavalheiro? - Moleque, sou cangaceiro! Lampião lhe respondeu. - Moleque, não! Sou vigia! E não sou seu parceiro - E você aqui não entra, Sem dizer quem é primeiro! - Moleque, abra o portão! Saiba que sou Lampião, Assombro do mundo inteiro! Então, esse tal vigia, Que trabalha no portão, Dá pisa que voa cinza, Não procura distinção! O negro escreveu não leu, A macaíba comeu - Ali não se usa perdão! O vigia disse assim: - Fique fora, que eu entro. Vou conversar com o chefe, No gabinete do centro - Por certo ele não lhe quer, Mas, conforme o que disser, Eu levo o senhor pra dentro. Lampião disse: - Vá logo, Quem conversa perde hora - Vá depressa e volte logo, Eu quero pouca demora! Se não me derem o ingresso, Eu viro tudo as avesso, Toco fogo e vou embora! O vigia foi e disse A Satanás, no salão: - Saiba Vossa Senhoria Que aí chegou Lampião, Dizendo que quer entrar - E eu vim lhe perguntar Se dou-lhe o ingresso, ou não. - Não senhor! Satanás disse. Vá dizer que vá embora! Só me chega gente ruim, Eu ando muito caipora - Eu já estou com vontade De botar mais da metade Dos que tenho aqui pôr fora! Lampião é um bandido, Ladrão da honestidade: Só vem desmoralizar nossa propriedade - í eu não vou procurar Sarna para me coçar, Sem haver necessidade! Disse. o vigia: - Patrão, A coisa vai se arruinar! Eu sei que ele se dana, quando não puder entrar! Satanás disse: - Isso é nada! Convida aí a negrada E leve os que precisar! Leve cem dúzias de negros, Entre homem e mulher; Vai na loja de ferragem, Tire as armas que quiser. É bom avisar também Pra vir os negros que tem, Mais compadre Lucifer! E reuniu-se a negrada: Primeiro chegou Fuxico, Com um bacamarte velho, Gritando por Cão-de-Bico Que trouxesse o pau da prensa E fosse chamar Tangença, Em casa de Maçarico. E depois chegou Cambota, Endireitando o boné, Formigueira e Trupezupé, E o Crioulo-Queté. Chegou Bagé e Pecaia, Rabisca e Cordão-de-Saia, E foram chamar Banzé. Veio uma diaba moça, Com a calçola de meia. Puxou a vara da cerca, Dízendo: - A coísa está feía - Hoje o negócio se dana! E grítou: - Eta, baiana! Agora o tipo vadeia! E saiu a tropa armada Em direção do terreiro, Com faca, pistola e facão, Clavinote, granadeiro. Uma negra também vinha Com a trempe da cozinha E o pau de bater tempero. Quando Lampião deu fé Da tropa negra encostada, Disse: - Só na Abissínía! Oh, tropa preta danada! O chefe do batalhão Gritou, de armas na mão: - Toca-lhe fogo, negrada! Nessa voz, ouviu-se os tiros, Que só pipoca no caco. Lampião pulava tanto, Que parecia um macaco! Tinha um negro nesse meio Que, durante o tiroteio, Brigou tomando tabaco. Acabou-se o tiroteio Por falta de munição, Mas o cacete batia, Negro enrolava no chão. Pau e pedra que achavam, Era o que as mãos pegavam, Sacudiam em Lampião. - Chega atrás um armamento! Assim grítava o vigia. Traz a pá de mexer doce! Lasca os ganchos de caria! faz um bilro de macau! Corre, vai buscar um pau, Na cerca da padaria! Lucifer com Satanás Vieram olhar, do terraço, Todos contra Lampião, De cacete, faca e braço. O comandante, no grito, Dizia: - Briga bonito, Negrada! Chega-lhe o aço! Lampião pôde apanhar Uma caveira de boi. Sacudiu na testa dum, Ele só fez dizer: - Oi! Ainda correu dez braças E caiu, segurando as calças - Mas eu não sei por que foi! Estava travada a luta, Mais de uma hora fazia. A poeira cobria tudo, Negro embolava e gemia, Porém Lampião ferido Ainda não tinha sido, Devido à grande energia. Lampião pegou um seixo E rebolou-o num cão, Mas o que arrebentou? A vidraça do oitão - Saiu um fogo azulado, Incendiou o mercado E o armazém de algodão. Satanás, com esse incêndio, Tocou no búzio, chamando. Correram todos os negros Que se achavam brigando. Lampião pegou a olhar - Não vendo com quem brigar, Também foi se retirando. Houve grande prejuízo No inferno, nesse dia: Queimou-se todo o dinheiro Que Satanás possuía, Queimou-se o livro de pontos, Perdeu-se vinte mil contos, Somente em mercadoria. Reclamava Lucifer: - Horror maior não precisa! Os anos ruins de safra, Agora mais esta pisa - Se não houver bom inverno, Tão cedo aqui, no inferno, Ninguém compra uma camisa! Leitores, vou terminar, Tratando de Lampião, Muito embora que não possa Vos dar a explicação - No inferno não ficou, No céu também não chegou: Por certo está no sertão! Quem duvidar desta história, Pensar que não foi assim, Quiser zombar do meu sério, Não acreditando em mim - Vaí comprar papel moderno, Escreva para o Inferno, Mande saber de Caim! (Transcrito de A chegada de Lampião no inferno) MANOEL CAMILO DOS SANTOS (Guarabira, PB, 1905 - Campina Grande

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Uma Turma Especial


Está turma, FCM-UPE, é realmente confiável.
São alunos maravilhosos desde o primeiro período.
Estou orgulhosa por ter contribuído com sua formação.

Um discurso INTRIGANTE

EU TENHO UM SONHO
Discurso de Martin Luther King (28/08/1963)
"Eu estou contente em unir-me com vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação.
Cem anos atrás, um grande americano, na qual estamos sob sua simbólica sombra, assinou a Proclamação de Emancipação. Esse importante decreto veio como um grande farol de esperança para milhões de escravos negros que tinham murchados nas chamas da injustiça. Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite de seus cativeiros. Mas cem anos depois, o Negro ainda não é livre.
Cem anos depois, a vida do Negro ainda é tristemente inválida pelas algemas da segregação e as cadeias de discriminação.
Cem anos depois, o Negro vive em uma ilha só de pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o Negro ainda adoece nos cantos da sociedade americana e se encontram exilados em sua própria terra. Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizar sua vergonhosa condição.
De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens, sim, os homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e a busca da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado com "fundos insuficientes". Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça.
Nós também viemos para recordar à América dessa cruel urgência. Este não é o momento para descansar no luxo refrescante ou tomar o remédio tranqüilizante do gradualismo. Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de democracia. Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação ao caminho iluminado pelo sol da justiça racial.
Agora é o tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial para a pedra sólida da fraternidade. Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.
Seria fatal para a nação negligenciar a urgência desse momento. Este verão sufocante do legítimo descontentamento dos Negros não passará até termos um renovador outono de liberdade e igualdade. Este ano de 1963 não é um fim, mas um começo. Esses que esperam que o Negro agora estará contente, terão um violento despertar se a nação votar aos negócios de sempre.
Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se dirige ao portal que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar nosso legítimo direito, nós não devemos ser culpados de ações de injustiças. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta num alto nível de dignidade e disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma. Nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só. E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa que nós sempre marcharemos à frente. Nós não podemos retroceder. Há esses que estão perguntando para os devotos dos direitos civis, "Quando vocês estarão satisfeitos?"
Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados com a fadiga da viagem, não poderem ter hospedagem nos motéis das estradas e os hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar no Mississipi e um Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não, não, nós não estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a retidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza.
Eu não esqueci que alguns de você vieram até aqui após grandes testes e sofrimentos. Alguns de você vieram recentemente de celas estreitas das prisões. Alguns de vocês vieram de áreas onde sua busca pela liberdade lhe deixaram marcas pelas tempestades das perseguições e pelos ventos de brutalidade policial. Você são o veteranos do sofrimento. Continuem trabalhando com a fé que sofrimento imerecido é redentor. Voltem para o Mississippi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para Louisiana, voltem para as ruas sujas e guetos de nossas cidades do norte, sabendo que de alguma maneira esta situação pode e será mudada. Não se deixe caiar no vale de desespero. Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano. Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.
Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.
Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje! Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!
Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.
Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado. "Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto.
Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos,
De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!"
E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro.
E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire. Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York. Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania.
Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado. Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia.
Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee.
Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi.
Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade.
E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro:
"Livre afinal, livre afinal.
Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal."
Fonte: colaboração de Hernani Francisco da Silva, da Missão Quilombos
Martin Luther King - 15/01/1929
Leia um resumo da vida de King

sábado, 8 de novembro de 2008

Corpo de Mulher


Quem será essa mulher?
Quais as suas dúvidas, anseios e medos?
Quando terminei, apesar das diferenças, a reconheci.

Conceito de Território e implicações para a saúde e o desenvolvimento sustentável

Conceito de Território e implicações para a saúde e o desenvolvimento sustentável
Marise Helena de Araújo 1
Lia Giraldo da Silva Augusto2 . . .
“Quando a gente faz falar o território - que é um trabalho que creio que é o nosso, fazer falar o território, como os psicólogos fazem falar a alma, como o Darcy Ribeiro quis fazer falar o povo, como o Celso Furtado quis falar a economia-, o território também pode aparecer como uma voz... E uma boa parte dos brasileiros não se dá conta de que o país está cada vez mais sendo fragmentado, e numa fragmentação que não possibilita a reconstituição do todo... E talvez lhe falte descobrir qual é a lógica mais geral que permita a produção de um discurso novo. Primeiro acadêmico, quando possível também de mídia, e depois o discurso político”. MILTON SANTOS. Entrevista em Caros Amigos, nº. 17. São Paulo, agosto de 1998.
Para falar sobre território, é preciso [citar alguns autores de áreas diversas e] ver como o conceito toma formas diferentes conforme as concepções teóricas metodológicas de diferentes autores. Para Claude Raffestin (1993), (pioneiro na construção do conceito, território vem sempre precedido de espaço geográfico) o território inexiste sem o espaço, mas afirma que o espaço independe do território. É o homem quem territorializa o espaço. Dentro da concepção enfatizada pelo autor, o território é tratado, principalmente, com uma ênfase político-administrativa, isto é, como o território nacional, espaço físico onde se localiza uma nação; um espaço onde se delimita uma ordem jurídica e política; um espaço medido e marcado pela projeção do trabalho humano com suas linhas, limites e fronteiras. Segundo o mesmo autor:
[...] um espaço onde se projetou um trabalho, seja energia e informação, e que, por conseqüência, revela relações marcadas pelo poder. (...) o território se apóia no espaço, mas não é o espaço. É uma produção a partir do espaço. Ora, a produção, por causa de todas as relações que envolvem, se inscreve num campo de poder [...] (RAFFESTIN, 1993, p. 144). Na análise do autor o território está relacionado ao poder político e por isto requer organização, logo, o território é um espaço (físico ou abstrato) organizado pelo homem em sociedade para atender as suas necessidades [exigência]. Para Rogério Haesbaert (2004) território pode ser classificado em três vertentes básicas: 1. A jurídica-política, segundo a qual “o território é visto como um espaço delimitado e controlado sobre o qual se exerce um determinado poder, especialmente o de caráter estatal”; 2. A cultural, que “prioriza dimensões simbólicas e mais subjetivas, o território visto fundamentalmente como produto da apropriação feita através do imaginário e/ou identidade social sobre o espaço”: 3. Econômica, “que destaca” a territorialização “em sua perspectiva material, como produto espacial do embate entre classes sociais e da relação capital-trabalho”. (HAESBAERT apud SPOSITO, 2004, p.18). E que nestas vertentes estão implicadas em três elementos que são:A. o territórios-zona, onde prevalece a lógica política; B. o território-rede, onde prevalece à lógica econômica. C. os aglomerados, onde ocorre uma lógica social de exclusão sócio-econômica das pessoas. ... esses três elementos não são mutuamente excludentes, mas integrados num mesmo conjunto de relações sócio-espaciais, ou seja, compõe efetivamente uma territorialidade ou uma espacialidade complexa, somente apreendida através da justaposição dessas três noções ou da construção de conceitos “híbridos” como o território-rede. (HAESBAERT, 2002, p. 38). Para Caio Prado Júnior (1987), território é sempre visto como palco dos acontecimentos econômicos e das transformações vivenciadas pela sociedade. Milton Santos (1985), grande geógrafo do pensamento crítico, a história dos homens em sociedade é que define como o território se organiza, ou seja, o território está configurado por sistemas econômicos, políticos e sociais historicamente condicionados. O território é uma construção social. Em cada momento histórico, o território muda seu papel e a sua posição no sistema, onde o seu significado deve ser reconhecido em função de sua relação com os demais e com o todo (SANTOS, 1985; SANTOS, 1996). Mendes et al (1994) apresentam duas correntes de pensamentos que apreendem e conceituam território de formas distintas. A primeira toma-o como um espaço físico completo e acabado, são os critérios geopolíticos que definem um território e denomina-o de território solo e é o que dá sustentação a visão topográfico-burocrática de distrito sanitário. O segundo é coerente com um conceito de processo, no qual o território está em permanente construção, produto de uma dinâmica social.. Neste conceito os conflitos fazem parte do processo de conformação do território. O território de um distrito sanitário é, pois, político, epidemiológico, cultural e econômico. Nele se exercita a hegemonia de modelos de políticas públicas, a exemplo da saúde pública e a tentativa de fazer cumprir seus princípios orientadores - da universalidade, da integralidade e da equidade - na atenção à saúde. Dentro de uma visão do planejamento o território de um Distrito Sanitário pode ser tipificado em: a) Território-Distrito: que obedece à lógica político-administrativa e pode coincidir com o espaço de um município ou com o espaço de subprefeituras, no caso de municípios maiores ou ainda em pequenos municípios, com os consórcios intermunicipais. A delimitação do Território-distrito é o planejamento urbano e o objetivo é o administrativo assistencial (macro-contexto). b) Território-Área: que corresponde à área de abrangência de uma unidade ambulatorial de saúde e é delimitado em função do fluxo e contra fluxo de trabalhadores de saúde e da população de um determinado território. A lógica de sua estruturação são as barreiras geográficas relacionadas à circulação. Território-Microárea, uma subdivisão do Território-Área é um espaço privilegiado para o enfrentamento de problemas específicos de saúde, pois, as ações são direcionadas aos nós críticos, identificados no contexto sócio-ambiental, com a intenção de intervir na promoção, proteção e recuperação da saúde. Território-Moradia: institui-se no espaço de vida de uma micro unidade social (família nuclear ou extensiva) é o lócus para o desencadeamento de ações de intervenção sobre os condicionantes de micro-contexto que afetam a saúde. Reconhecer as desigualdades existentes em cada território e buscar um sistema eqüitativo em saúde é um passo importante para aproximar ações específicas para cada problema elencado. Sendo assim para se definir um Distrito Sanitário, conceituado como processo social de mudança, é preciso considerar diferentes espaços territoriais que podem ser passíveis de mudança em seus limites pela construção de novos espaços territoriais.
Territorialização utilizada pela Secretaria Municipal de Saúde 1. Distritos Sanitários - correspondendo a uma região administrativa municipal.2. Área de abrangência - área de responsabilidade de uma unidade de saúde3. Micro-área de Risco – constituída por conglomerados de setores censitários e de perfil epidemiológico específico.4. Domicílio – possibilita a aproximação do usuário, favorece e prioriza ações de controle de saúde. A divisão do território, políticos-administrativos, previamente delimitados em distritos sanitários apresenta certas vantagens, especialmente possibilitando a integração do setor saúde com os responsáveis por outros setores, facilitando ações e fortalecendo vínculos intersetoriais. Os Distritos Sanitários são cenários onde se desenrolam ações de promoção, proteção e de recuperação da saúde, mediante serviços e programas com níveis distintos e hierarquizados segundo o grau de tecnologia agregada. Entender o espaço como um conjunto de lugares, resultado da integração de grupos sociais com seu entorno mais próximo (Monken, 1996) é fundamental. Segundo Milton Santos (1995), os lugares se constituem em uma resistência ao processo de homogeneização do espaço. Para ele o espaço é socialmente desenvolvido e rico de diversidades. A diversidade é fundamental para o desenvolvimento humano.
Leff*[1] define o ambiente como uma "visão das relações complexas e sinérgicas gerada pela articulação dos processos de ordem física, biológica, econômica, política e cultural".
Se, como sabemos, o homem é responsável pela inserção da cultura no espaço geográfico, ou seja, pela construção/estruturação/reestruturação do seu território em ambiente e habitat seria preciso, pensou-se por um tempo, crescimento e desenvolvimento mesmo que selvagem, era o suficiente para sustentar a humanidade para todo sempre (paradigma protestante), independente de seus meios e para suprir as necessidades da humanidade o homem domou a natureza explorou-a incansavelmente e só após a segunda guerra é que começou a se conscientizar que os recursos naturais eram finitos.
A palavra desenvolvimento significa evolução, mudança no presente enquanto que sustentável significa, no caso, proteção e compromisso em evitar a ruína destas condições no presente e no futuro. (Munn. 1992). O desenvolvimento sustentável é o reconhecimento da necessidade de mudança no modelo de desenvolvimento atual das sociedades, dos ambientes e da saúde das populações.
A discussão em torno do desenvolvimento e do ambiente vem constituindo uma nova forma de pensar e um repensar nos fundamentos da ética, cultura, científico, econômico e social criando assim novos paradigmas conceituais, políticos e institucionais. Diversas agendas vem sendo construidas nacional e internacionalmente, de forma conflitante, mas que abrem espaços para a construção de processos sustentáveis de desenvolvimento.
Toda esse movimento tem como conseqüência uma cultura onde o homem sinta prazer em preservar e promover mudanças que com o passar do tempo se interiorizarão no seu espírito de tal forma que suas ações se tornarão harmônicas, integradas com a natureza.
O homem passaria a ver de forma holística e sistêmica toda problemática ecológica. Reencontrar-se-ia com a natureza e se veria um ser da natureza.
A construção de um novo mundo, mais integrado, mais humano vem contribuindo com práticas intersetoriais, interdisciplinares e participativas (ecossistêmica) no campo da saúde coletiva.
A tríade saúde, ambiente e desenvolvimento formam uma conexão que deve ser contemplada pela saúde pública ao introduzir o conceito de ambiente socialmente construído, onde se considera todo o conjunto de componentes materiais, paisagens e seres vivos. (Porto 1998).
A nossa Constituição Federal de 1988, art. 225, assegura, para todos os cidadãos do Brasil, os direitos a um ambiente saudável. O saneamento, a habitação, lazer e educação, também fazem parte dessa condição para o desenvolvimento.
Referências Bibliográficas
ABRASCO, Saúde e Ambiente no processo de desenvolvimento. Revista Brasileira de Epidemiologia Vol. 03 (2) 2003
AUGUSTO LGS; CARNEIRO, RM; MARTINS PH. Abordagem Ecossistêmica em Saúde, ensaios para o controle do dengue. Ed. Universitária da UFPE, 2005.
MENDES, EV & al. Distrito sanitário, segunda edição. HUCITEC-ABRASCO, São Paulo, 1994.
PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE. Texto capturado da internet http://www.recife.pe.gov.br/ em 12.06.2006.
SANTOS, M. Por uma outra globalização. Ed. Record 2000.

SANTOS, M. A Natureza do Espaço, EDUSP São Paulo, 2002.


EXERCÍCIO
1. Exemplifique diferenças entre espaço e território.2. Segundo o texto, como o espaço de desenvolvimento humano é construído?3. Como o conceito de território pode ser útil no planejamento das ações de saúde?


1 Marise Helena de Araújo, Professora de biologia, sanitarista, preceptora de ensino da FCM-UPE do módulo APS I.
2 Lia Giraldo da Silva Augusto, Pesquisadora, Médica, Professora Adjunta, coordenadora do Módulo APS1.
[1] Enrique Leff, doutor em Economia do Desenvolvimento pela Sorbonne, 1986 coordena a Rede de Formação Ambiental para a América Latina e o Caribe, do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).

RESENHA: E A EDUCAÇÃO POPULAR: ¿¿ QUE ?? Por João Francisco de Souza 424 PÁGINAS.

RESENHA: E A EDUCAÇÃO POPULAR: ¿¿ QUE ?? Por João Francisco de Souza 424 PÁGINAS.

O livro versa sobre educação, inclusive escolar, segundo o autor. Dividido em 09 (nove) temas, no total, fora a introdução.

Na introdução apresenta o autor seu pressuposto: educação popular como teoria ou pedagogia que irá dar conta da educação como um todo, seja ela formal, ou não formal, de jovens e adulto ou de adultos.

Faz uma crítica à educação tratada por muito como sinônimo de escola, e se preocupa em recomendá-la como ferramenta que deverá contribuir para humanizar o ser humano independente de raça, crédulo e cultura em quaisquer quadrantes da terra.

Relata sobre os rumos que tomou a educação a importância que lhes foi dada, desde a criação da escola, até a pós modernidade/mundo.

Questiona as afirmações:

“a riqueza das nações e das pessoas será o seu nível de escolaridade”
“o potencial educativo de todos e quaisquer atividades e situações”

Vai desenvolvendo a sua tese sobre a Educação Popular acrescentando a importância do respeito à cultura dos povos, em todos os quadrantes da terra, acreditando que o saber só acontece a partir de um outro saber, outras concepções e pensamentos aos quais ela tem acesso por diferentes meios. E é desse confronto, segundo o autor, que surge os conflitos sociocognitivos que desconstroi as idéias anteriores, construído outras com a compreensão do assunto em foco ou o problema em estudo que ele chama de autentica práxis pedagógica.

As mudanças e questionamentos dos conceitos, no terceiro milênio, trás avanços e perigos, pois adentramos levando conosco muitos preconceitos não superados como as diferenças sociais e culturais. Com o avanço da ciência descobrimos mais um perigo a certeza que as mesmas tecnologias que criamos, em nome do desenvolvimento da humanidade, causam desequilíbrio ao meio ambiente nos expondo a uma catástrofe sem precedentes na história. Desafio para uma humanidade que nunca teve tanto alimento, remédios, conhecimento cientifico, mas que não conseguiu encontrar a forma de conviver socialmente.

Fala sobre a importância dada a Educação Popular, dos movimentos sociais no Brasil, da necessidade de mão-de-obra qualificada para atender a Indústria e da educação permanente. Explica através da sua experiência de vida e como profissional o processo educativo no Brasil, América Latina e em alguns paises do primeiro mundo. Como é apresentada a Educação Popular no mundo atual, convida diversos autores para a discussão, mas, é com Freire que percorre todo o livro discorrendo e voltando a capítulos, e/ou parágrafos anteriores, sempre que julga necessária uma reafirmação e/ou referencia dos conceitos ou fatos registrados, corroborando e ampliando em alguns momentos o pensamento de Freire.

Discorre sobre o que se chama de educação não escolar gerada pelas multefacéticas dimensões da sociedade pós anos 60, e cita vários autores que como ele, entende o fenômeno gerado pela ineficiência da escola primária, secundária e superior de muitas nações, que não resolve o problema educacional com qualidade e lançam mão de tarefas socioeducativas compensatórias denominadas, por exemplo, como educação continuada, permanente, ao longo da vida e que outros chamam de educação social Faz uma critica a essa denominação para o autor pg. 145 “A denominação de educação social, em diferentes caracterizações, estatui o caráter social de todos e quaisquer processos educativos”.

Faz uma relação entre a pedagógica e a coerência com a educação popular para isso relembra Freire e concentra-se na defesa da práxis pedagógica “... um tempus e um locus de realização intencional e organizada da educação” para o autor, Paulo Freire é um divisor de águas no pensamento pedagógico e as questões da pedagogia.

Reporta-se a importância da formação de educadores e educadoras, pela universidade e as perspectivas em formar educadores e educadoras comprometidos e a conscientização da importância dos conteúdos pedagógicos: educativos, instrumentais e operativos. Apresenta e explica os objetivos do plano acadêmico do Centro de Educação de Pernambuco.

Trata da ressocialização e da importância dos saberes construído na experiência, ou seja, da praxis pedagógica e a sua contribuição para a educação. A ressocialização aqui tratada, como processo de recognição e reinvenção permanente segundo o autor.

Acredita que a ressocialização contribuirá para humanização dos seres humanos, pois, despertará no homem a consciência de si próprio, transformando a forma de pensar e despertando a emoção, sentimento este sempre lembrado pelo autor como uma qualidade humana que se encontra adormecida e que com a ressocialização poderá surgir de forma saudável reinventada.

Mostra à possibilidade da interculturalidade a compreensão do que é complexidade e a aceitação das diversidades. O trabalho pedagógico dos educadores em contribuir com a humanização do ser humano, fazendo-o crítico e transformador das adversidades em prol de todos. O respeito à diversidade sem, contudo, incentivar com atitudes culturais que favorecem ações humilhantes a mulheres, homossexuais, pobres e todos aqueles despossuídos da terra. Mas que diminuam cada vez mais as distâncias culturais, aumente a tolerância entre os homens.

Enfim é um ótimo livro para todos aqueles que estudam, trabalham ou analisam o fenômeno educativo. Para os que se preparam para serem educadores (as) de Jovens e Adultos é uma leitura essencial, não só porque ele historia todo o processo educativo: EP, EA e EJA, mas porque o autor escreve como se estivesse a “murmurar”, ou seja, quase aconselhando. De forma generosa oferece a sua experiência, mostrando que além dos requisitos dos conhecimentos específicos para o ensino é preciso muito mais, é preciso antes de tudo ser humano, capaz de emocionar-se com a causa para poder contribuir com a humanização do ser humano neste pos modernidade/mundo em quaisquer quadrantes da terra.

Marise Helena de Araújo – Aluna especial do mestrado de educação.
Recife, 29.11.2007.