sábado, 8 de novembro de 2008

RESENHA: E A EDUCAÇÃO POPULAR: ¿¿ QUE ?? Por João Francisco de Souza 424 PÁGINAS.

RESENHA: E A EDUCAÇÃO POPULAR: ¿¿ QUE ?? Por João Francisco de Souza 424 PÁGINAS.

O livro versa sobre educação, inclusive escolar, segundo o autor. Dividido em 09 (nove) temas, no total, fora a introdução.

Na introdução apresenta o autor seu pressuposto: educação popular como teoria ou pedagogia que irá dar conta da educação como um todo, seja ela formal, ou não formal, de jovens e adulto ou de adultos.

Faz uma crítica à educação tratada por muito como sinônimo de escola, e se preocupa em recomendá-la como ferramenta que deverá contribuir para humanizar o ser humano independente de raça, crédulo e cultura em quaisquer quadrantes da terra.

Relata sobre os rumos que tomou a educação a importância que lhes foi dada, desde a criação da escola, até a pós modernidade/mundo.

Questiona as afirmações:

“a riqueza das nações e das pessoas será o seu nível de escolaridade”
“o potencial educativo de todos e quaisquer atividades e situações”

Vai desenvolvendo a sua tese sobre a Educação Popular acrescentando a importância do respeito à cultura dos povos, em todos os quadrantes da terra, acreditando que o saber só acontece a partir de um outro saber, outras concepções e pensamentos aos quais ela tem acesso por diferentes meios. E é desse confronto, segundo o autor, que surge os conflitos sociocognitivos que desconstroi as idéias anteriores, construído outras com a compreensão do assunto em foco ou o problema em estudo que ele chama de autentica práxis pedagógica.

As mudanças e questionamentos dos conceitos, no terceiro milênio, trás avanços e perigos, pois adentramos levando conosco muitos preconceitos não superados como as diferenças sociais e culturais. Com o avanço da ciência descobrimos mais um perigo a certeza que as mesmas tecnologias que criamos, em nome do desenvolvimento da humanidade, causam desequilíbrio ao meio ambiente nos expondo a uma catástrofe sem precedentes na história. Desafio para uma humanidade que nunca teve tanto alimento, remédios, conhecimento cientifico, mas que não conseguiu encontrar a forma de conviver socialmente.

Fala sobre a importância dada a Educação Popular, dos movimentos sociais no Brasil, da necessidade de mão-de-obra qualificada para atender a Indústria e da educação permanente. Explica através da sua experiência de vida e como profissional o processo educativo no Brasil, América Latina e em alguns paises do primeiro mundo. Como é apresentada a Educação Popular no mundo atual, convida diversos autores para a discussão, mas, é com Freire que percorre todo o livro discorrendo e voltando a capítulos, e/ou parágrafos anteriores, sempre que julga necessária uma reafirmação e/ou referencia dos conceitos ou fatos registrados, corroborando e ampliando em alguns momentos o pensamento de Freire.

Discorre sobre o que se chama de educação não escolar gerada pelas multefacéticas dimensões da sociedade pós anos 60, e cita vários autores que como ele, entende o fenômeno gerado pela ineficiência da escola primária, secundária e superior de muitas nações, que não resolve o problema educacional com qualidade e lançam mão de tarefas socioeducativas compensatórias denominadas, por exemplo, como educação continuada, permanente, ao longo da vida e que outros chamam de educação social Faz uma critica a essa denominação para o autor pg. 145 “A denominação de educação social, em diferentes caracterizações, estatui o caráter social de todos e quaisquer processos educativos”.

Faz uma relação entre a pedagógica e a coerência com a educação popular para isso relembra Freire e concentra-se na defesa da práxis pedagógica “... um tempus e um locus de realização intencional e organizada da educação” para o autor, Paulo Freire é um divisor de águas no pensamento pedagógico e as questões da pedagogia.

Reporta-se a importância da formação de educadores e educadoras, pela universidade e as perspectivas em formar educadores e educadoras comprometidos e a conscientização da importância dos conteúdos pedagógicos: educativos, instrumentais e operativos. Apresenta e explica os objetivos do plano acadêmico do Centro de Educação de Pernambuco.

Trata da ressocialização e da importância dos saberes construído na experiência, ou seja, da praxis pedagógica e a sua contribuição para a educação. A ressocialização aqui tratada, como processo de recognição e reinvenção permanente segundo o autor.

Acredita que a ressocialização contribuirá para humanização dos seres humanos, pois, despertará no homem a consciência de si próprio, transformando a forma de pensar e despertando a emoção, sentimento este sempre lembrado pelo autor como uma qualidade humana que se encontra adormecida e que com a ressocialização poderá surgir de forma saudável reinventada.

Mostra à possibilidade da interculturalidade a compreensão do que é complexidade e a aceitação das diversidades. O trabalho pedagógico dos educadores em contribuir com a humanização do ser humano, fazendo-o crítico e transformador das adversidades em prol de todos. O respeito à diversidade sem, contudo, incentivar com atitudes culturais que favorecem ações humilhantes a mulheres, homossexuais, pobres e todos aqueles despossuídos da terra. Mas que diminuam cada vez mais as distâncias culturais, aumente a tolerância entre os homens.

Enfim é um ótimo livro para todos aqueles que estudam, trabalham ou analisam o fenômeno educativo. Para os que se preparam para serem educadores (as) de Jovens e Adultos é uma leitura essencial, não só porque ele historia todo o processo educativo: EP, EA e EJA, mas porque o autor escreve como se estivesse a “murmurar”, ou seja, quase aconselhando. De forma generosa oferece a sua experiência, mostrando que além dos requisitos dos conhecimentos específicos para o ensino é preciso muito mais, é preciso antes de tudo ser humano, capaz de emocionar-se com a causa para poder contribuir com a humanização do ser humano neste pos modernidade/mundo em quaisquer quadrantes da terra.

Marise Helena de Araújo – Aluna especial do mestrado de educação.
Recife, 29.11.2007.

Um comentário:

Unknown disse...

Conheço a obra e a autora da resenha. Fomos alunas do professor João Francisco. Parabéns pela excelente iniciativa de divulgação de tão importante trabalho, Marise.